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Educação Inclusiva no Terceiro Governo Lula: Avanços e Desafios (artigo produzido pela editoria do Site)
Publicado em: 26/10/2023
A BOLA DA VEZ – POR GERALDO FEITOSA
Publicado em: 18/09/2023
Tudo Sobre Nós sem Nós: (Enio Rodrigues da Rosa)
Publicado em: 14/09/2023
PRESENTE DE GREGO – Por Enio Rodrigues da Rosa
Publicado em: 27/07/2023
Sobre as interseccionalidades: Mulher, Negra, cega, essa sou eu!(por gISLANA mONTE vALE)
Publicado em: 25/07/2023
Raça, você já pensou sobre isso?
Durante a última década essa questão tem atravessado a minha vida .
Sempre me declaro como uma mulher negra e tenho que explicar
todas as vezes o que isso significa. Nasci numa casa de muitos pertencimentos,
mãe branca de olhos claros, pai preto de pele escura descendente de negros
Avó indígena. Vivi a maior parte da minha vida com muitas pessoas querendo
me fazer acreditar que sou branca, uma vez que minha pele segundo o censo
(IBGE) é parda. Nunca aceitei muito bem essa história de ser parda,
pardo é papel de embrulhar coisas na mercearia e não pele de gente,
penso sempre sobre isso .
Um dia entendi, sem mais nem menos ,me encontrei com meu
pertencimento, descobri que os tambores de África tocam dentro de mim e me
fazem sentir viva tanto quanto, nunca havia me sentido antes .
Descobri que o povo bantu habitou o Cearáa terra onde nasci..
Descobri que eram artesãos conheciam as ferramentas e técnicas agrícolas.
Soube desde então quem eram os meus e de
que lugar eu tinha vindo . Descobri que eram guerreiros audaciosos e
nunca mais pude me pensar diferente disso .
Um dia um amigo ogã da religião de Matriz africana, me disse sem preâmbulos ,você é
uma mulher de” Iansã” . perguntei o que isso significava e ele disse que breve eu
descobriria. Dizer o que penso falar as vezes que não devo e depois
arcar com as consequências e os desfechos do que falo e penso . É esse o significado.
desse lugar, encarnado em mim, num mundo racista, machista, capacitista, preconceituoso…
Nesses tempos dificeis sei quem so, e isso ao longo da vida tem me
dado ou custado coisas preciosas
hoje a realidade de ser mulher e negra se junta a dimensão da deficiência.
Parece que com correr dos dias, dos anos, a vida nunca fica mais fácil. mas
quem sou, o que sou e como me reconheço me permite viver a dimensão única
da minha própria transcendência.
Minha ancestralidade permeia então a mulher que sou, os olhos que
fisicamente não uso estão em mim apropriados da minha essência e iluminados
pelo meu sagrado . é desse lugar que falo e que me autoriza ser quem sou.
Hoje, quando vou aos lugares ,e souou a única mulher que se declara negra
percebo o mundo em que vivemos ,e sei perfeitamente, qual é o meu lugar de
fala. Compreendo dentre tantas coisas quem vive e fala através da minha
voz. Eu, mulher, negra, cega, pesquisadora, trabalhadora, ativista de
movimento social, mãe,amiga,, apaixonada pela vida, amante dos meus
amores,leal e corajosa, frágil, insegura, medrosa, porque não? Trago em mim as marcas das muitas vidas que
vivo, das escolhas que faço e de todos os destinos da minha trajetória.
Sempre vivendo no presente, que ao que parece é o único lugar hoje em
que podemos estar; Nunca esquecendo das mulheres que me precederam, a
quem peço licença; As que virão depois de mim a quem saúdo.
Nós mulheres constituídas pelo tempo e pela ancestralidade, movedoras da
roda sagrada.
RJ Julho 2023
Sobre as interseccionalidades:
Mulher, Negra, cega, essa sou eu!
aUTORA: gISLANA mONTE vALE
Mulher cega negra escritora, poeta, pesquisadora;
Doutoranda em Psicologia – UFF;
Mestre em Avaliação de Políticas Públicas – UFC
Coordenadora Executiva Nacional MBMC;
Consultora em Acessibilidade Cultural e Políticas Públicas;
Raça você já pensou sobre isso?
Durante a última década essa questão tem atravessado a minha vida .
Sempre me declaro como uma mulher negra e tenho que explicar
todas as vezes o que isso significa. Nasci numa casa de muitos pertencimentos,,
mãe branca de olhos claros, pai preto de pele escura descendente de negros
Avó indígena..Vivi a maior parte da minha vida com muitas pessoas querendo
me fazer acreditar que sou branca, uma vez que minha pele segundo o censo
(IBGE) é parda. Nunca aceitei muito bem essa história de ser parda,
pardo é papel de embrulhar coisas na mercearia e não pele de gente,
penso sempre sobre isso .
Um dia entendi, sem mais nem menos ,me encontrei com meu
pertencimento, descobri que os tambores de África tocam dentro de mim e me
fazem sentir viva tanto quanto, nunca havia me sentido antes .
Descobri que o povo bantu habitou o Cearáa terra onde nasci..
Descobri que eram artesãos conheciam as ferramentas e técnicas agrícolas.
Soube desde então quem eram os meus e de
que lugar eu tinha vindo . Descobri que eram guerreiros audaciosos e
nunca mais pude me pensar diferente disso .
Um dia um amigo ogã da religião de Matriz africana, me disse sem preâmbulos ,você é
uma mulher de” Iansã” . perguntei o que isso significava e ele disse que breve eu
descobriria. Dizer o que penso efalar as vezes que não devo e depois
arcar com as consequências e os desfechos do que falo e penso . É esse o significado.
desse lugar, encarnado em mim, num mundo racista, machista, capacitista, preconceituoso…
Nesses tempos dificeis sei quem so, e isso ao longo da vida tem me
dado ou custado coisas preciosas
hoje a realidade de ser mulher e negra se junta a dimensão da deficiência.
Parece que com correr dos dias, dos anos, a vida nunca fica mais fácil. mas
quem sou, o que sou e como me reconheço me permite viver a dimensão única
da minha própria transcendência.
Minha ancestralidade permeia então a mulher que sou, os olhos que
fisicamente não uso estão em mim apropriados da minha essência e iluminados
pelo meu sagrado . é desse lugar que falo e que me autoriza ser quem sou.
Hoje, quando vou aos lugares ,e souou a única mulher que se declara negra
percebo o mundo em que vivemos ,e sei perfeitamente, qual é o meu lugar de
fala. Compreendo dentre tantas coisas quem vive e fala através da minha
voz. Eu, mulher, negra, cega, pesquisadora, trabalhadora, ativista de
movimento social, mãe,amiga,, apaixonada pela vida, amante dos meus
amores,leal e corajosa, frágil, insegura, medrosa, porque não? Trago em mim as marcas das muitas vidas que
vivo, das escolhas que faço e de todos os destinos da minha trajetória.
Sempre vivendo no presente, que ao que parece é o único lugar hoje em
que podemos estar; Nunca esquecendo das mulheres que me precederam, a
quem peço licença; As que virão depois de mim a quem saúdo.
Nós mulheres constituídas pelo tempo e pela ancestralidade, movedoras da
roda sagrada.
gISLANA mONTE vALE é Mulher cega negra escritora, poeta, pesquisadora;
Doutoranda em Psicologia – UFF;
Mestre em Avaliação de Políticas Públicas – UFC
Coordenadora Executiva Nacionaldo Movimento Brasileiro de Mulheres Cegas, MBMC.
Consultora em Acessibilidade Cultural e Políticas Públicas;