Com uma plateia seleta, o Fórum Permanente dos Comitês de pessoas com Deficiência em apoio ao governo Lula reuniu-se no último sábado, 21 de outubro, para um debate sobre a educação inclusiva, os avanços planejados e os desafios a serem enfrentados pelo governo federal. O evento fez parte da agenda do Fórum, que se reúne de dois em dois meses, trazendo   autoridades para o debate e a reflexão sobre políticas voltadas aos interesses e demandas das pessoas com deficiência.

Desta feita, foram convocados os convidados Marisa Dias Lima, coordenadora geral da Diretoria de Políticas para surdos Bilingues, e o professor Décio do Nascimento Guimarães, da Diretoria de Políticas de Educação Especial na Perspectiva inclusiva, ambas  vinculadas à Secadi?Mec.

Com duração de mais de duas horas, os convidados exploraram amplamente o tema proposto, ilustrando que os desafios do governo são grandes, mas, há também a vontade expressa do presidente Lula e do Ministério da Educação, para implementar os avanços na área. A professora Marisa Lima foi a primeira a falar. Fez um panorama contundente sobre a situação da educação para surdos no país, com dados que demonstram a precariedade dos programas e políticas na área, trazendo também, a certeza de que essa realidade desvantajosa será transformada no governo Lula. Vejamos alguns extratos do que disse a professora.

Para Marisa Lima, o principal desafio abraçado por sua diretoria nesse início de gestão é minimizar a situação alarmante vivida no país, quanto à formação de professores bilingues. Relata que existem em todo Brasil, apenas 65 escolas com professores bilingues, sendo que as mesmas estão concentradas nas cidades de grande porte, nos centros urbanos.  No campo, a educação bilingue inexiste. Há que se abraçar todos aqueles que precisam da mesma. “Sabe-se que no campo há indígenas com surdez e eles também precisam ser atendidos”, complementa.

Ainda sobre o tema, denuncia que a educação bilingue se concentra apenas no sul e sudeste do país. Na região norte, há apenas três por cento de escolas com essa formação, O país todo vive uma realidade discrepante quanto a essa distribuição, diz ela.

Resumindo a discussão, a professora enfatizou a necessidade do monitoramento e fiscalização dessa formação? Como a educação bilingue está sendo ofertada nas escolas polo? Relata que há que se estabelecer uma ouvidoria, assim como formulários de avaliação, complementando que a sua coordenação recebe inúmeras reclamações sobre o serviço.

Disse muito mais a professora Marisa, numa fala ao mesmo tempo inquisitiva e entusiasmada. Fez um competente panorama da situação atual da educação de surdos no país, assim como apontou medidas para mitigar as grandes lacunas e desvantagens. A íntegra da sua comunicação pode ser assistida no link que será postado ao final desse artigo.

O professor Décio Guimarães iniciou sua fala enaltecendo a composição do fórum e enfatizando a relevância desses movimentos para a formulação e a efetivação de políticas públicas relativas às pessoas com deficiência. Numa comunicação também marcada pelo entusiasmo, pontuou as diversas questões e inquietações que vêm merecendo a atenção da sua diretoria.

Acentuou o período de um recomeço, no qual o grande desafio será recuperar e reconquistar direitos perdidos nos últimos anos. Denunciou o estado de falência em que o governo Lula encontrou na educação do país. Diversas políticas foram desmontadas, interrompidas,  acentuando que será desafiante a devolução desses direitos para a comunidade.

Políticas de fiscalização e monitoramento da aquisição de tecnologias assistivas; a retomada da distribuição de quites básicos para os estudantes com deficiência da rede regular de ensino, que possam ser usados dentro e fora da escola; ampliação da formação continuada dos professores da educação inclusiva; valorização do braille e da Língua Brasileira de sinais; fortalecimento dos capes e dos núcleos de inclusão das universidades e dos institutos federais. Estas foram algumas das propostas com as quais, afirmou o professor, a sua diretoria estará comprometida.

De forma enfática, afirmou: “não podemos mais ficar nessa de dar um jeitinho, de fazer de conta. A inclusão será de fato implementada, e, a formação continuada será a âncora que fará uma grande transformação nas escolas do país”.

Com clareza, o professor detalhou os compromissos com a educação inclusiva, afirmando que haverá orçamento, disposição e vontade política para essa transformação. Criticou a propaganda falaciosa que envolve determinadas tecnologias que são vendidas aos governos estaduais e municipais, afirmando que há que se dar um basta nessa situação.

Pontuou ainda, a necessidade de avaliação da lei de quotas, assim como um balanço sobre a educação de jovens e adultos, para o fortalecimento das estratégias de inclusão também nessa área, na qual ele reconhece, existe uma dívida sem precedentes na prestação do atendimento para jovens e adultos com deficiência.

Foi um evento de peso, afirmaram os integrantes do fórum, assim como a plateia presente, que  manifestou sua satisfação no chat do evento. A íntegra da Live pode ser assistida no link que segue: