a invisibilidade da mulher com deficiência e o Silenciamento das nossas Lutas e Direitos


Tempo de leitura: 2 minutos

Luzia Alves

Este artigo foi escrito por ocasião do Dia Internacional da Mulher, data que precisamos valorizar e preservar não apenas por estarmos em evidência na mídia, nas propagandas, nos discursos… Mas por sua História, por todos os desafios que precisamos superar diariamente. Desafios estes que para nós, mulheres com deficiência, apesar de extremamente significativos, acabam sendo invisíveis à maior parte da sociedade, situação essa que nos exige disposição, resistência e luta para que tenhamos acesso ao que nos é de direito: ao direito fundamental da vida, de poder exercer de maneira livre e plena nossos direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais. Direito de viver sem violência seja ela física, psicológica, política ou de qualquer outra natureza.
A questão que se coloca é: como materializar essa resistência? Do meu ponto de vista os caminhos possíveis passam pela nossa capacidade de inserção e de atuação em movimentos sociais, em sindicatos, em associações, na nossa vida privada, na roda de amigas e amigos? Tendo em vista que ainda vivemos pautadas pela lógica do patriarcado, que nos impõe de maneira arbitrária suas vontades, limita nossos espaços, nosso modo de existir e que muitas vezes faz isso de maneira violenta.
Nesse sentido, de modo particular, resolvi trazer à tona essa temática que para mim é bastante cara. A minha luta ainda é por todas as mulheres com deficiência que a todo o tempo precisam provar que além de seres humanas completas, podemos existir com equidade e dignidade em todos os espaços da sociedade. Lutamos para que tenhamos direitos básicos: acesso a saúde, educação, emprego. Porque além de sermos mulheres que estão diariamente submetidas aos perigos de todas, ainda estamos limitadas por falta de acessibilidade. Já pensaram em como fazem mulheres surdas para conseguirem atendimento em delegacias e hospitais?
Existir para nós, mulheres com deficiência é lutar para sermos entendidas como pessoas, como seres humanas que não estão desvinculadas do feminino, que temos um corpo biológico que funciona, que podemos ser amadas, engravidar, cuidar de outras pessoas. Para isso, precisamos romper com esse julgamento silencioso de que não podemos existir socialmente, de que nossos corpos não são viáveis.
Precisamos estar no legislativo, executivo, judiciário! Nós existimos! São nossas vidas, é sobre nossas vidas cegas, surdas, cadeirantes, autistas, múltiplas deficiências! Somos milhões, somos plurais, somos diversas, somos mulheres!
Maria da Penha vive em uma cadeira de rodas e quantas conversas sobre isso já tivemos?
Estou lutando e lutarei todos os dias, por mim, por você, por todas!

Luzia Alves é Mestra e doutoranda em Educação.
Professora da Rede de Ensino do Paraná e Técnica em Assuntos Educacionais na Universidade Federal da Integração Latino-Americana. Também faz parte do CNCLP.


3 respostas para “a invisibilidade da mulher com deficiência e o Silenciamento das nossas Lutas e Direitos”

  1. Parabéns meu apoio integral a essa luta precisamos de mais vozes como a sua. É o caminho da nossa liberdade como deficientes visuais, cidadãos principalmente das nossas mulheres, que iluminam nossas vidas

  2. Bom dia.
    Aqui no RS chovendo.
    A Luta das mulheres é antiga e atual para mudar o futuro. Semana do dia das mães. A propaganda mostra mulheres com crianças, bebês. Queria ver mulheres com suas filhas e filhos no “campo” de luta, na Igreja, no Sindicato, no Partido, nas lutas do movimento social. Elas estão lá sim, mas isso não vende, não dá lucro e é perigoso. Luzia, como Rute, Ester, Marias mãe de Jesus e Madalena,Ir. Doroti, Madalena Alves continue na Luta. Sem vocês certamente não teríamos chegado até aqui.
    Esperando comentários de mulheres rsrsrs.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *