FIM DA EMERGÊNCIA INTERNACIONAL CAUSADA PELA COVID-19 O QUE SERÁ QUE APRENDEMOS COM A PANDEMIA? POR MARCOS RICIERI


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Na sexta-feira, 05/05/2023, a OMS (Organização Mundial de Saúde) decretou o fim da emergência internacional causada pela Covid-19 em todo mundo, depois de 1191 dias de uma pandemia que matou oficialmente 7 milhões de pessoas em nosso planeta, porém, a própria OMS acredita que esse número tenha chegado a 20 milhões de seres humanos, que só não é oficial por conta da subnotificação dos casos. Somente no Brasil, mais de 700 mil pessoas morreram pela doença, perdendo apenas para os Estados Unidos com cerca de 2 milhões de mortos, não por acaso, os 2 países que tinham vigentes os governos mais negacionistas do planeta azul, que se colocavam acima do bem e do mal.

 

Falando especificamente do nosso país, nós devíamos nos envergonhar de apesar de sermos mais ou menos 2,5% da população mundial, deixarmos morrer 11% da nossa gente já tão usurpada de seus direitos e necessidades básicas. Tudo isso por conta de um governo que enquanto a população morria por falta de oxigênio nos hospitais públicos e, pasmem, até privados, ele divertia os seus expectadores ignorantes na frente do “cercadinho” do palácio com a imitação nojenta e asquerosa de alguém se sufocando por falta de ar. A propósito, esse “cercadinho” me lembrou muito os circos em Roma no primeiro século. No entanto, enquanto em Roma os mártires eram mortos por feras para diversão do público presente, no Brasil muitas pessoas tinham seus pulmões e outros órgãos consumidos pelo Corona Vírus nas UTI’s dos centros médicos, para deleite de um Bolsonéro e seus asseclas que queriam ver mesmo o “circo pegar fogo” no país.

 

O mesmo governo que além de se recusar a seguir as recomendações de médicos e cientistas que diziam ser necessário o isolamento social, uso de máscaras e higienização frequente das mãos e objetos, incentivava toda uma população a seguir seus péssimos exemplos de conduta social que nunca foram dignos de serem seguidos bem muito antes da pandemia.

 

Esse governo que por incompetência ou maldade mesmo, eu particularmente fico com a segunda opção, demorou na aquisição de vacinas que teriam salvo tantas vidas de nossos pais, irmãos, parentes e amigos que deixaram famílias inteiras órfãs de seu amor, cuidado, carinho e sua presença física, restando apenas as lembranças e a indignação com um gosto amargo de uma perda prematura.

 

Mas pelo menos nós não podemos acusar o ex-presidente do mandato 2018/2022 de incoerência de atitudes! Ele conseguiu fechar com chave de ouro, falsificando 3 registros de vacinação para conseguir viajar para os Estados Unidos. Não se sabe até agora se somente para não exercer o seu compromisso democrático de transmitir a faixa presidencial para o presidente Lula, eleito democraticamente nas urnas eletrônicas que ele tanto criticou, ou se foi somente para fugir da acusação e quem sabe de uma possível prisão após os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

 

Apesar do anúncio da OMS, ainda hoje morre uma pessoa a cada 3 minutos no mundo em consequência da Covid-19, de acordo com o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus. Portanto, creio que devemos considerar que todo cuidado ainda é pouco. Que tudo que aprendemos durante esse período tão difícil que a meu ver ainda passamos, talvez em menor escala, devemos continuar pondo em prática para decepção do fascista e de seus seguidores. Como no Brasil nada é fácil, não bastava termos uma pandemia, precisávamos, talvez para aprendermos algo mais, de um governo desastrado que potencializou os efeitos de um vírus devastador. E o que mais me preocupa é que metade de nós ainda acreditamos que a terra é plana; que viraremos jacarés se tomarmos vacina; que teremos que compartilhar metade de nossas casas por conta da instalação do comunismo pela esquerda vermelha; que as igrejas vão ser fechadas porque os socialistas, ou comunistas como eles dizem, não acreditam em Deus.

 

Portanto, se a outra metade pensante não fizer nada, o fascismo vai se instalar em nosso Brasil através dessas pessoas adoradoras de Adolf Hitler como vem sendo uma tendência em vários outros países. O que me preocupa é que como na Alemanha da década de trinta, nós passamos a dar ouvidos a discursos inflamados de ódio e intolerância de uma gente misógina que usando o nome de Deus e pregando um falso respeito à família e à pátria, conduzem o gado que se deixa levar e aprovar crimes humanitários como foi o holocausto, que nós não podemos esquecer para não incorrermos no mesmo erro dos alemães.

 

Por fim, eu, como acredito no ser humano, que através desse processo evolutivo bem lento, mas progressivo, conseguiremos impedir a disseminação dessas ideias desumanas que de alguns anos para cá, vem rondando mentes perversas e outras incautas para volta de um nacionalismo que massacrou milhões de pessoas nos campos de concentração de Auschwitz, por exemplo.

 

Creio que a pandemia nos ensinou um senso de solidariedade maior, apesar do distanciamento social que nos impusemos; que muitos processos diferentes de forma de trabalho foram acelerados na urgência de nos mantermos afastados uns dos outros mas produzindo; que muitos pais e mães que passaram a trabalhar em casa juntos com seus filhos que passaram a estudar em casa, se deram conta do que é ser realmente pai e mãe e não só colocadores de crianças no mundo, delegando obrigações aos cuidados de uma babá ou de escolas e creches; aprendemos que sentimos muita falta de um abraço, do estar com quem amamos, do ouvir as mesmas histórias daquele avô ou avó que não podíamos visitar para não contaminá-los; que famílias, em que pese muitas perdas, tiveram que se unir tomando consciência que a vida é um fio que se parte no tempo de um clique de mouse, e que de um momento para o outro não estamos mais aqui.

 

Portanto, se você leu até aqui, conte-nos, nos comentários, o que você aprendeu ou perdeu com a pandemia agravada por um governo no mínimo omisso e irresponsável. Ou será que não aprendemos nada e teremos que passar por dissabores tão graves como esses ou ainda piores para acordarmos para vida?

 

Marcos Ricieri é Analista de Sistemas e membro editor do site CNCLP

 


4 respostas para “FIM DA EMERGÊNCIA INTERNACIONAL CAUSADA PELA COVID-19 O QUE SERÁ QUE APRENDEMOS COM A PANDEMIA? POR MARCOS RICIERI”

    • Lamentavelmente, por consequência de um governo abjeto, o país teve mais de 700 mil famílias devastadas como foi o caso da sua família. Mas não podemos somente lamentar, devemos nos fortalecer para evitarmos a volta do fascismo mascarado pelo lema: Deus, Pátria e Família.

  1. Análise muito boa! O assunto é complexo, envolve muitos aspectos históricos e nos implica em escolher o lugar que queremos ocupar diante de um cenário tão catastrófico e ao mesmo tempo tão potente para mudanças!

    • Obrigado pela leitura! De fato nós temos a decisão nas mãos através do voto livre e democrático nas urnas: ou nos engajamos no desenvolvimento social, político e econômico do país, ou corremos o risco de mergulharmos em anos de ditadura de um fascismo preconceituoso e repugnante.

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